
iCS - Clima e Sociedade
Governadores pelo Clima
Atualizado: 1 de dez. de 2020
Governadores assinam carta-compromisso elaborada pelo Centro Brasil no Clima, com apoio a ações continuadas de enfrentamento à crise climáticas, além de conexões com outros países

Foi muito importante. No dia 29 de outubro, governadores brasileiros assinaram a carta-compromisso pelo Clima, iniciativa do Centro Brasil no Clima, durante o Encontro Internacional Governadores pelo Clima. A iniciativa é um marco fundamental, já que os entes subnacionais tornam-se ainda mais valiosos no debate após o desmonte da política ambiental federal. Com a institucionalização desta aliança suprapartidária, as administrações estaduais se comprometem a criar ações continuadas de enfrentamento à crise climática, além de buscar conexões com iniciativas semelhantes em outros países.
Entre outros, os governadores confirmaram seus compromissos com o Acordo de Paris e também com a retomada econômica verde pós-pandemia, fundamental para o desenvolvimento. Segundo a carta, a “urgente recuperação econômica deve ser impulsionada por processos integrados, que possam simultaneamente regenerar ecossistemas, fortalecer empresas e gerar milhões de empregos, aproveitando oportunidades de investimento em energias renováveis, reflorestamento, saneamento, reciclagem, bioeconomia, bem como em inovações tecnológicas e de processos produtivos, com uso mais eficiente dos recursos públicos e privados”.

Até o momento, onze estados firmaram compromisso público com o clima: Alagoas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe. A soma de todos os estados dos governadores signatários representa 44,5% das emissões do Brasil.
Confira o texto na íntegra:
Carta de compromisso dos Governadores pelo Clima
A comunidade científica, representada pelo Painel Intergovernamental Sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), há décadas alerta para os riscos associados ao aquecimento
global, cujas graves consequências naturais, sociais e econômicas já são evidentes.
A seriedade e complexidade dos riscos das mudanças climáticas demandam que
os governos, o setor empresarial e a sociedade civil se antecipem aos impactos previstos,
cujos custos serão consideravelmente maiores e mais frequentes do que os da
atual pandemia.
Os efeitos socioeconômicos da atual crise sanitária são e serão severos, retrocedendo
níveis de miséria, aprofundando desigualdades e expondo ainda mais a parcela
vulnerável da população a intempéries de todo tipo. Superar esta crise exige convergência
estratégica de esforços, de modo a viabilizar um futuro sustentável, inclusivo e
próspero para as atuais e futuras gerações.
A urgente recuperação econômica deve ser impulsionada por processos integrados,
que possam simultaneamente regenerar ecossistemas, fortalecer empresas e gerar
milhões de empregos, aproveitando oportunidades de investimento em energias renováveis,
reflorestamentos, saneamento, reciclagem, bioeconomia, bem como em inovações
tecnológicas e de processos produtivos, com uso mais eficiente dos recursos
públicos e privados.
Além das urgências socioeconômicas provocadas pela pandemia, recaem sobre os
estados parte considerável dos desafios relacionados à prevenção e adaptação aos
impactos climáticos. Implementar planos preventivos e construtivos é a forma de agir
mais inteligente e de menor custo.
Portanto, ações articuladas e propositivas, integrando os governos subnacionais
brasileiros, se fazem urgentes para o alcance desses objetivos e das metas da Contribuição
Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, estabelecida no Acordo de Paris.
Tais avanços só serão concretizados com o combate firme ao desmatamento e queimadas
ilegais, com a promoção de energias limpas, a redução da queima de combustíveis
fósseis, o aumento do uso de biocombustíveis, a eletrificação da mobilidade e o
incentivo à agricultura de baixo carbono.
Considerando tais urgências e oportunidades, os governadores brasileiros signatários
da presente carta instituem a aliança Governadores pelo Clima, em sintonia com
outras iniciativas similares nos diversos continentes. Seremos uma coalizão suprapartidária,
agregando ideias, forças e conhecimentos para enfrentar essa ameaça existencial.
Com o compromisso de ação continuada, os Governadores signatários indicarão
representantes executivos para consolidar a institucionalidade da aliança e construir
uma agenda estratégica nacional e internacional.
Reiterando o Acordo de Paris, estaremos ativamente engajados com a comunidade
internacional, como parte do esforço global para manter o aquecimento bem abaixo
de 2oC e para acelerar a transição para uma economia limpa e inclusiva, que beneficiará
nossa segurança, prosperidade e saúde.
Brasil, outubro de 2020.